Autor: Carlos Patrício
Editora: Página 42
Ano: 2014
Páginas: 228
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Sinopse: Desordens. Distúrbios. INSÂNIAS! Este é o tema de Delirium.Nesta coletânea de contos o autor preza, sobretudo, pela diversidade e a originalidade. Pois em que outro livro você encontraria realidade virtual, experiência com alucinógenos, assassinos sádicos, debates sobre crenças e religião, um desabafo a la Kafka, e, até mesmo, os infortúnios de uma fofoca? Uma culinária diversificada e bem temperada para todos os paladares.
Hoje trago um livro totalmente diferente, que mexeu com minha sanidade. Tanto que demorei dois dias para avaliá-lo, e não sei exatamente as palavras certas para classificar os subgêneros da obra.
Delirium nos traz oito contos, que tem como tema principal o
delírio humano. Que tipo de delírio Bia? Os ruins. Eu nem sei se posso
classificar algum delírio como bom. Vejam só: nós deliramos com os lançamentos
mensais de centenas de livros. Desejamos a maioria. Gastamos nosso dinheiro com
eles. E ao final, nem conseguimos ler aquilo que compramos e tão pouco por um
fim à imensa lista de desejo literária. Analisando de uma forma bem impessoal,
não é saudável, por mais que se trate de livros, fonte da sabedoria e prazer.
A maioria das doenças psicológicas tem como protagonista os
delírios. Podemos ficar horas a fio exemplificando a presença deles em várias
enfermidades, mas vamos voltar ao livro.
Carlos abordou, em cada conto, os delírios presentes no
psicopata, no ansioso, no alcoolizado, no viciado, no religioso, no saudável...
enfim, na mente humana como um todo.
Apesar de ser um livro pequeno, cada problemática tratada
nos contos tem o poder de causar sentimentos muito intensos no leitor. Como a
conclusão dos desfechos é sempre nítida que a culpa é a própria mente humana,
ficamos perturbados.
O conto de abertura do livro, intitulado Doutor Sádico, é o
mais assustador. Nas resenhas que conferi da obra, ele foi o que mais se
destacou na opinião dos leitores. O autor usou de fatos reais que abalaram
praticamente o mundo todo, e deu vida a um personagem sádico e monstruoso. Um
verdadeiro horror estampa o conto, senti nojo, repulsa, e medo; pois a ficção
não está longe da realidade.
Muitos nem citaram o conto Truco nas resenhas. Para mim, foi
o melhor. Usando uma linguagem simples, o autor me envolveu completamente ao enredo. As cenas
por ele criadas ficaram totalmente palpáveis, a meu ver. E o sentido do DELÍRIO,
ficou explícito. Um conto pequeno, sem delongas, cheio de significado. Foi o
que mais representou a premissa do livro.
O conto Agoniado retrata os delírios de um personagem
ansioso. A ansiedade é um mal da atualidade, então fica fácil se identificar
ali.
Não sei se estou certa, mas acredito ser a primeira obra do
autor. É um livro promissor, que dá a impressão de estarmos dentro da mente
humana. Se torna difícil explicar isso para vocês, porém , enquanto lia, as vezes
me sentia tanto na mente do personagem, que tinha a sensação que iria
enlouquecer. Precisava parar, respirar um pouco, e assim começar novamente.
Tenho negativas para a obra. Odeio abordar os pontos que não
me agradaram, principalmente se tratando de autores nacionais.
Antes de começar a ler, o autor me alertou que existia
algumas passagens que poderiam não agradar aos religiosos de mente fechada. Eu sou
religiosa, mas estou longe do ceticismo. Tenho a mente bem aberta para questões
religiosas ou não. Faz algum tempo que não leio nada que aborda o tema
claramente, impondo discussões e reflexões; e isso se dá por minha própria opinião, que as vezes não é condizente nem com a religião que sigo.
Explicado tudo isso, sabia bem que poderia encontrar
questionamentos no enredo. Encontrei, e não gostei da forma repetitiva que foi
abordado. O conto A questão de todas as questões abordou o tema da forma que
eu já esperava. Foi algo que faz com que o leitor reflita e pondere suas
opiniões, independente da religião que segue. O que me incomodou, foi esses
questionamentos estarem presentes em outros contos. Tornou-se repetitivo, e,
espero que essa afirmação não ofenda o autor, tive a impressão de ser a defesa
de uma causa, pois alguns lugares não cabiam tais discussões. Os assuntos
levantados são totalmente verídicos, e concordo em muitos pontos (na maioria,
até), porém achei desnecessária a presença constante de tais levantamentos.
Outro ponto que me incomodou, foram as citações de obras,
autores famosos e até músicas colocadas em alguns contos. Tais citações foram
postas entre um parágrafo e outro; condiziam totalmente com o enredo, mas
acabaram por me distrair.
Na minha humilde opinião (que vamos ser sinceros, não serve
para muita coisa), o autor deve se concentrar em sua característica. Não sei
quanto aos outros leitores, porém eu percebi que nos contos mais simples, que
não houve tanta preocupação quanto a “edição” por assim dizendo, a leitura
ficou mais prazerosa; e ao desfecho, eu tinha a sensação do que a obra pede:
que o leitor delira ao testemunhar delírios.
Já disse muitos dos pontos positivos que a obra traz. Não
posso terminar minha resenha sem dizer o quanto o autor é original, todos os
contos presentes são únicos, sem comparações.
Sempre termino minhas resenhas indicando a obra para seu
devido público. Essa, eu indico para o público adulto que procura algo exótico
e original para ler, sem preconceito.
Nota: 3/5
Sobre o Autor:
Nasceu na zona leste de São Paulo, em 1988. Trabalha como auxiliar administrativo em uma transportadora, mas sonha em seguir carreira com a literatura. Já participou das antologias Sonhos Lúcidos e O Segredo da Crisálida III, ambas da Editora Andross; Memórias de Inverno, Editora Big Time, e Concurso Nacional Novos Poetas 2012, Editora Vivara. Como todo ser humano, reveza seus momentos de lucidez com diversos e "reais" delírios.
Oxi, comassim sua opinião não serve pra muita coisa??? Deixa disso HAHAHA
ResponderEliminarSua resenha tá maravilinda, Bia - uma das melhores que li aqui no blog.
O livro eu já ouvi falar, assim, bem por cima, mas eu não costumo ler contos, então acabei nem dando muita atenção. O que me despertou interesse - além da narrativa que envolve completamente o leitor com o enredo -, foi esse tal Doutor Sádico, se bem desenvolvido, deve ser um personagem memorável e fiquei super curiosa.
Como não sou religiosa, certamente não me incomodaria com essas passagens. Mas o fato dele fazer disso um levantamento constante durante a narrativa, deve ser bem chatinho.
Aaah, eu adorooo quando o autor faz essas referências - também né, como leitora de King não poderia ser diferente kkk
Se o autor souber incluir sem parecer algo aleatório e sem sentido, acho válido ♡
Beijooos ♡
Oi GabiLinda! Eu gostei muito do resultado dessa resenha, acho que foi a primeira que falei abertamente sobre o enredo. O autor me deixou muito a vontade. Não estou dizendo que fui desonesta com as demais postadas aqui, mas por se tratar de um livro que está em minha zona de conforto, pude fazer uma análise mais a fundo que os demais.
EliminarAcho que você vai gostar!
Beeijos