Lua Cheia: Norman Bates

15 de junho de 2016
Atenção: se você não conhece a história de Psicose, contém spoiler.

 Esta coluna tem a intenção de mostrar o outro lado dos grandes vilões e monstros dos livros e cinemas. Muitas vezes, o vilão guarda uma grande história, e com ela, uma grande razão para agir de forma incorreta.
 Psicose não é lá um livro para se considerar do gênero terror. É um suspense, e ressalto que foi um dos melhores que já li.
 A nossa grande estrela por trás do enredo não são os mocinhos, mas sim o vilão, Norman Bates. E é ele que será dissecado em nossa coluna.
 Norman seria mesmo um vilão? Qual toda a história por traz dessa mente?



 Norman Bates foi criado de uma forma muito rigorosa por sua mãe. Uma mulher excessivamente autoritária, que lhe ensinou que todas as demais mulheres eram prostitutas, e que o sexo era algo maligno.
 Seu pai faleceu quando Norman era criança, assim sendo, a única referência que tinha era a mãe.
 O vínculo entre mãe e filho era algo completamente insano, a meu ver. Ela sempre muito protetora, impedia-o de fazer novas amizades. Criou-se uma relação de dependência, por ambas as partes.
 Quando Norman estava na adolescência, a mãe arranjou um namorado.
 O garoto foi tomado pelo ciúme e inveja do relacionamento amoroso da mãe, e invadido talvez pela fúria, envenenou a ela e ao padrasto, matando-os. Aos policiais e moradores, a morte do casal foi tida como suicídio, ninguém desconfiou de Norman.
 Acontece que ele era totalmente sozinho. Por mais que a mãe tenha sido autoritária, impedindo-o de viver como uma pessoa comum, era dependente dela. E para saciar essa falta, Norman desenterrou o corpo da mulher, guardando-o, e passou a sofrer de um mal mental, um transtorno dissociativo de identidade; onde por vezes assumia a personalidade da mãe.
 Na cabeça de Norman ela ainda vivia, e inclusive mantinha controle sobre ele. Isso é muito claro para quem já leu a obra e até mesmo assistiu o filme. Antes de saber que é Norman quem assume sua identidade, sentimos medo e raiva de sua mãe. Chegamos a considerá-la assassina.


 Vejam bem, será que, se Norman tivesse sido acolhido e recebido um tratamento adequado, ele cometeria mais assassinatos? Será que ninguém percebia o quanto o relacionamento de mãe e filho era estranho e doentio?
 Enquanto pensam nas possíveis respostas à essas perguntas, irei expor algumas causas potenciais para o transtorno dissociativo de identidade:
* Estresse intenso;
* Falta de compreensão ao enfrentar situações limites na infância;
* Falta de proteção, frente as situações limites na infância.
 Estudos norte-americanos mostraram que 97 a 98% dos adultos que sofrem de transtorno dissociativo de identidade sofreram abuso durante a infância.
 De "vilão perturbado" nosso menino Norman passa a ser uma vítima de abusos psicológicos.
 Ressalto que ele não aparentava ser doente. Ao conhecê-lo, nós leitores, iremos amá-lo, já que ele aprecia bons livros, principalmente os voltados para a psicologia e psiquiatria.
 Norman é do tipo que troca baladas pelo conforto de seu sofá e pelos atrativos de sua estante de livros. Administra com zelo hotel que lhe fora deixado de herança. Apesar de não ser bem situado, com difícil acesso; traz conforto para os hóspedes. O único problema, é se o cliente criticar sua mãe. Ou se Norman se sentir atraído, caso o cliente seja mulher.
 Lembrem-se: ele aprendeu que todas nós somos vadias, por mais que queira, os ensinamentos de sua mãe dominaram sua mente. E ela é seu único laço afetivo, e ainda que tenha errado em sua criação;  Norman a defende com zelo, pois lhe deve isso.
 Conhecem alguma pessoa que tenha sido criada como Norman? Com cuidadores autoritários, que impedem amizades e socialização? A realidade não está longe da ficção.
 Tanto que o nosso personagem literário foi inspirado justamente num caso real. Edward Theodore Gein, talvez o assassino mais conhecido do mundo, inspirou a criação de Norman.


 Psicose nos traz um grande enredo e um dos maiores personagem de todos os tempos. Acredito que todos precisam conhecer o teor dessa obra tão rica. Assistam ao filme, leiam o livro. Conheçam  Norman Bates e seja perturbado por essa mente insana.


Já conheciam a história de Norman? Gostaram do post? Não esqueça de deixar seu comentário.

Beijos










Post por: Bia Gonçalves
Sua maior paixão são os livros que lhe fazem viajar. Odeia mesmices, por isso adora se aventurar nas páginas de uma boa fantasia e se prender a um terror daqueles de parar o coração.
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2 comentários:

  1. Adorei, Bia!
    Bates é um dos meus personagens preferidos da vida, nunca o vi como um vilão, tampouco o próprio Ed Gein, por mais perturbadoras as coisas que ele fez. Era um homem doente, teve uma criação rigorosa, um pai alcoólatra, uma mãe religiosa que abusava dele e do irmão. Não tinha laços com ninguém, dependia completamente da mãe e fez dela uma figura de adoração, tanto que passou a odiar seu irmão porque ele a questionava - ainda acho que Gein o matou também -. Ele precisava de ajuda, se comportava como uma criança, estava sozinho... Acredito que tudo o que ele causou poderia ter sido evitado se alguém o tivesse ajudado, sabe?
    Margaret White e a mãe de Norman frequentavam a mesma igreja kkkk
    Enfim, curti muito o post! <3

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    1. Oi GabiLinda!! Era essencial pra mim saber sua opinião a respeito do post. Sabe, no filme eu não consegui desenvolver apego por Norman. Considerei ele maluco desde o início. No livro, foi o contrário. Me simpatizei pelo cara, e até entendi suas ações.
      Beeijos

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