- Bom dia!
- Bom dia! Nós temos uma reserva para o final de semana.
- Ah, claro. A reserva está no nome do senhor?
- Sim, Daniel Moore.
Depois de passarem a noite toda viajando, enfim a família Moore havia chegado ao Hotel 21. Daniel estava fazendo o check-in enquanto sua esposa e a filha andavam pelo saguão esticando as pernas. Foram mais de oito horas de viagem.
- Mãe, este hotel é muito esquisito.
- Não fale assim, Maysa. Ele é apenas um pouco velho, na verdade, muito velho.
- Mais velho que o vovô? – perguntou Maysa.
- Muito mais. – respondeu Sara com um sorriso.
Antes de Maysa nascer, Daniel e Sara sentiam que o casamento deles ainda estava incompleto. Agora a menina era a alegria daquela família, mas nem sempre foi assim; Sara teve problemas para engravidar, sendo necessário anos e anos de tratamento, além de muita disciplina e perseverança para alcançar o sonho de ser mãe.
- Nossa! Então este hotel é muito velho porque o vovô é quase um ancião.
- Ei, onde você ouviu esta palavra, “ancião”?
- Na TV, mamãe.
- Vamos! – Daniel chamou – Nosso quarto está pronto.
O pai estendeu o braço, pegou a mão de Maysa e seguiram o recepcionista rumo às escadas.
O quarto ficava no final de um corredor. Maysa achou o lugar tão antigo quanto às pirâmides que ela havia visto nas gravuras dos livros de seu pai. Talvez não fosse tão antigo assim, mas era esta a impressão que passava. No duplex havia duas camas, uma de casal e outra de solteiro, além da mobília de carvalho envernizado, possivelmente datado da época em que o país ainda era uma colônia de Portugal, havia um quadro pendurado na parede defronte a cama de casal.
Maysa sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao olhar aquela pintura. Ela não passava de uma criança, mas sabia reconhecer que aquele quadro também era muito antigo, talvez até mais antigo que o prédio ocupado pelo hotel.