Resenha: Misery, Louca Obsessão - Stephen King

19 de agosto de 2016
Título: Misery - Louca Obsessão
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Ano: 2014
Páginas: 326
Skoob
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MiserySinopse: Paul Sheldon descobriu três coisas quase simultaneamente, uns dez dias após emergir da nuvem escura. A primeira foi que Annie Wilkes tinha bastante analgésico. A segunda, que ela era viciada em analgésicos. A terceira foi que Annie Wilkes era perigosamente louca. Paul Sheldon é um famoso escritor reconhecido pela série de best-sellers protagonizados por Misery Chastain. No dia em que termina de escrever um novo manuscrito, decide sair para comemorar, apesar da forte nevasca. Após derrapar e sofrer um grave acidente de carro, Paul é resgatado pela enfermeira aposentada Annie Wilkes, que surge em seu caminho.A simpática senhora é também uma leitora voraz que se autointitula a fã número um do autor. No entanto, o desfecho do último livro com a personagem Misery desperta na enfermeira seu lado mais sádico e psicótico. Profundamente abalada, Annie o isola em um quarto e inicia uma série de torturas e ameaças, que só chegará ao fim quando ele reescrever a narrativa com o final que ela considera apropriado. Ferido e debilitado, Paul Sheldon terá que usar toda a criatividade para salvar a própria vida e, talvez, escapar deste pesadelo.


 Os leitores, em sua maioria, se apegam muito com determinados autores, mesmo sem nunca tê-los visto. Adoro Stephen King, por exemplo, e nunca troquei um olhar com o cara. É estranho não é? Você admirar alguém só pelo que a pessoa escreve...
 E sabem o que é mais estranho? Quando um personagem se destaca mais que o próprio autor. Um exemplo clássico: Harry Potter. Tenho certeza que por onde a autora J K Rowling ande, alguém lhe pergunta sobre o bruxinho. 
 Com todo respeito, mas minha mente mirabolante imagina que a depressão de Machado de Assis tinha leve relacionamento com Capitu. Consigo visualizar Machado sendo abordado com a pergunta: Capitulo traiu ou não Bentinho? 
 Partindo para a obra Misery, conhecemos o autor bem sucedido Paul Sheldon. Seu maior sucesso é a série de livros que traz como personagem principal Misery
 Annie Wilkes é sua fã número 1. Ama Misery, e da série só falta ler o último lançamento. 
 A vida é mesmo uma caixinha de surpresas. Annie nunca poderia imaginar que um dia se depararia com Paul Sheldon. Mas esse encontro não foi em um evento literário.


 Dirigindo em meio a uma tempestade, Annie avista o que parece ser um acidente de carro. E lá, inconsciente e com as pernas fraturadas, estava Paul. 
 O que você faria? Bem, o mais correto a se fazer era acionar a emergência, mas a tempestade estava muito forte, parecia que o mundo iria acabar. Annie decidiu então levá-lo para sua casa, já que era técnica em enfermagem, poderia cuidar de Paul. 
"Eu decidi que faria você viver. – página 25"
 Engana-se quem pensa que Paul ficaria bem... 
 Annie é completamente obsessiva, parecia ter algum tipo de retardo mental. Mesmo demonstrando fazer o bem, o clima ao redor daquele ambiente nos alertava que Paul estava numa grande encrenca. 
  Em cada página, a obsessão de Annie se demonstra mais doentia. E o que ela não sabia, era que o último livro de sua série preferida, trazia justamente a morte de Misery, personagem pela qual tinha total apego.
 Fiquei completamente em pânico. Pensava em todo momento como Paul iria sair dessa, queria entrar no livro e fazer com que Annie não lesse o final trágico de Misery. 
 Quando nosso personagem favorito morre, sentimos raiva, mas não é como se fossemos fazer algo com o criador do enredo. Paul dependia de Annie para tudo. Estava dependente dos medicamentos, sentia dor intensa.
"Annie Wilkes era a platéia perfeita, uma mulher que adorava as histórias sem se importar nem um pouco com a mecânica por trás dos panos." - página 70
 E quando Annie soube o que aconteceu no livro, simplesmente deixou-o sem água, sem comida, completamente impossibilitado de se mover ou de procurar ajuda. 
 Quando a história chegou nesse ponto, me desprendi. Terror precisa ter algo para me manter presa, e não é sangue e tortura. Eu fiquei mal com as condições de Paul, perturbada com a mente doente de Annie, mas esperava mais. De início não sabia exatamente a que me prender na história. Não era como se eu estivesse ligando com Paul nesta situação, pois Stephen não dá tempo para nos prendermos ao protagonista. O fato de o livro ter uma leitora apaixonada, com algumas características comuns a maioria dos leitores (a ansiedade pela espera do próximo livro da série, o amor pelo personagem literário), era o que mais me mantinha na leitura. 
 E então, como se soubesse que eu queria desistir, Stephen colocou mais fatores no enredo. Annie passou a obrigar Paul a escrever uma nova história, revivendo a personagem Misery.
"Deus leva a gente quando chega a hora e um escritor é Deus para as pessoas da história, ele cria elas assim como Deus criou a gente e ninguém sabe onde Deus está nem tem como fazer Ele explicar nada, sim, tudo bem, mas escute o que vou dizer seu coisa feia, e escute bem: no caso de Misery, Deus está com as duas pernas quebradas e Deus está na MINHA casa comendo da MINHA comida... e ...” - página 43
 Porém, ele teria de ser coerente, convencer sua leitora número 1 que o livro faria sentido. 
 Como Paul iria sair dessa, preso com uma louca num local de difícil acesso? Seria seu fim?


 Foi o livro mais perturbador que li. Você não lê calmamente, degustando palavra por palavra. A leitura é devorada, e eu fiquei com o coração na mão até o desfecho. A cada página, descobrimos mais sobre Annie, e assim como Paul, nosso medo aumenta a cada descoberta. 
 Outro fato interessante foi a forma da escrita do livro. Não li todos os livros de Stephen, mas ouso dizer que sua escrita em Louca Obsessão está única, própria para o suspense. É muito surreal porque as vezes, os pensamentos e narrativas de Paul e Annie eram simplesmente jogados para nós, sem a identificação de cada um. E dá pra saber exatamente quem é. Os personagens ganham vida, são mais intensos.
"Gente morrendo geralmente não grita." – página 25
 Ainda podemos acompanhar a tal de Misery em sua “ressurreição”. Stephen é tão foda que conseguiu prender minha atenção até com a história de seu personagem literário. 
 Leitura super recomendada, não tem aspectos sobrenaturais, é um suspense de tirar o fôlego e deixar leitor perturbado por se identificar tanto com uma obsessiva. 
"Eu estou lendo devagar para durar." – página 26
Nota: 5/5
 
Sobre o Autor:
 Stephen King era um leitor fanático dos quadrinhos EC's horror comics incluindo Tales from the crypt, que estimulou seu amor pelo terror. Na escola, ele escrevia histórias baseadas nos filmes que assistia e as copiava com a ajuda de seu irmão David. King as vendia aos amigos, mas seus professores desaprovaram e o forçaram a parar. 
 De 1966 a 1971, Stephen estudou Inglês na Universidade do Maine em Orono, onde ele escrevia uma coluna intitulada "King's Garbage Truck" para o jornal estudantil, o Maine Campus. Ele conheceu Tabitha Spruce lá e se casaram em 1971. O período que passou no campus influenciou muito em suas histórias, e os trabalhos que ele aceitava para poder pagar pelos seus estudos inspiraram histórias como "The Mangler" e o romance "Roadwork" (como Richard Bachman).
Outras Obras:
Mr. Mercedes Achados e Perdidos Revival Joyland
A Longa Marcha Escuridão Total Sem Estrelas  Sobre a Escrita Doutor Sono
Novembro de 63 O Vento Pela Fechadura Sob a Redoma A Batalha da Colina de Jericó
 Alguém já leu essa obra? Já assistiu o filme? Não esqueça de deixar seu comentário.

 Até mais.



Crédito das ImagensPinterest












Post por: Bia Gonçalves
Sua maior paixão são os livros que lhe fazem viajar. Odeia mesmices, por isso adora se aventurar nas páginas de uma boa fantasia e se prender a um terror daqueles de parar o coração.
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13 comentários:

  1. Primeiramente devo dizer que o novo visual do blog ficou lindo de morrer!! Amei de verdade haha. Bem, a respeito do livro, já esperava muito mesmo dessa obra. Afinal, todas os livros de Stephen King são bons, eu penso. Sua resenha ficou ótima.
    Beijo
    www.leitorasvorazes.com.br

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    1. Oi amore! Eu não sei se já disse isso, mas peguei o contato da Maidy no seu blog. Adorei a organização e o layout do seu, assim sendo procurei quem fez toda a maravilha rs. Muito obrigada.
      Não sei se viverei o suficiente para conhecer todas as obras do autor, mas com toda certeza quero ler o quanto conseguir rsrs. É um mito, precisa ser lido.
      Beijos ♥

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  2. Olá Bia!

    Tb fiquei assim com esse livro, tensa até o final. Um que causa tensão semelhante ainda que o estilo de escrita seja um pouco diferente é o Jogo Perigoso tb do King.

    Bjs

    EntreLinhas Fantásticas - Participe do nosso SORTEIO do DIA DO HOBBIT

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    1. Oi Thalita!! Eu lembro que quando li sua resenha, fiquei louca para pegar o livro na estante e começar a ler já rsrs.
      Dica anotada!!
      Beijos

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  3. Oi Bia!

    Realmente muitas vezes os personagens são mais conhecidos que o autor! E falando em ser conhecido, King parece ser mesmo um gênio porque poucas vezes li resenhas negativas dos livros dele! Não li este, mas bateu curiosidade!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. Oi Mi!! Ainda não li nada do cara que tenha me desagradado, e pelo pouco que li considero-o sim um gênio.
      Espero que você leia, é realmente muito bom.
      Beijos

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  4. Oi Bia,
    E se eu falar que nunca li Stephen King? Preciso muito conhecer algo do autor.
    Só vi filmes e séries baseadas em seus livros. E confesso que tenho um pé atrás, vou ficar morrendo de medo que eu sei! HAHAHAHAHA
    Beijos
    https://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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    1. Oi Alessandra! Não li todos os livros do cara, mas dentre os lidos, devo dizer que O Cemitério foi o que mais me causou medo. Não tive medo em ler Misery, foi um sentimento de repulsa não medo.
      Se você não sente problema em ler o gênero, é uma boa pedida.
      Beijos

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  5. Bom, então pelo que entendi tem sangue e tortura, certo? Só por ser do Stephen King eu passaria longe, mas o fato de ter esses elementos me faz querer passar mais longe ainda... Hehe... Não tenho a menor vontade de ler sobre as atitudes dessa maluca, não é mesmo pra mim. Imagina se os autores passassem mesmo por coisas assim? Ninguém nunca mais ia publicar algo.

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    1. Caramba Ju, como assim?? kkkk te entendo, nem todo mundo é louco como eu sou de gostar dessas coisas. Eu fiquei mega curiosa sobre essa maluca, quis conhecer a fundo sua história e ainda quero ver o filme.
      Espero que isso não faça com que você abandone o Lua, o livro é terror, mas o coração da leitora ainda é de mocinha hahahaha.
      Beeijos

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  6. Oi, ainda não li nada do tio King, mas também o considero pacas pelos olhos dos outros, por ser medrosa não li nada dele, mas esse me pareceu ser mais um trhiller psicológico do que um terror, esse eu leria sim. Coloquei na lista.

    bjs

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  7. Oi!
    Nossa esse livro deve dar uma agonia né. Ainda não sei se o lerei pois assisti uma parte do filme e se esse já me dava uma aflição, imagina o livro então! Do autor eu só li Sob a Redoma e gostei, espero ler outras obras dele.
    Abraços

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    1. Oi Andy! Você resumiu bem: aflição. Senti isso o tempo todo, mas adorei kkkkk. Espero que leia.
      Beeijos

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